A passagem do Dia
Internacional da Mulher dá ensejo a algumas reflexões a respeito da
discriminação de gênero. Desde que o
mundo é mundo, pra usar uma expressão bem antiga, a maior parte das culturas
conhecidas relega socialmente o sexo feminino a um patamar inferior. No passado não muito distante, essa
discriminação era explícita, pois não havia força de contestação ao que se
estabeleceu sob diversos pretextos, inclusive de ordem religiosa. A própria
mulher se submetia ao cerceamento de sua expressão, pois acreditava na justiça
de tal costume.
A despeito das limitações, a
antiguidade conheceu mulheres notáveis que, com genialidade, abnegação e
coragem escreveram algumas das mais belas e emocionantes páginas da História;
Hatshephsut, filha de Thuthmose I, governou o Egito por volta do século XV A.C.
Segundo os historiadores, seu reinado foi de paz e prosperidade. Cleópatra,
filha do rei Ptolomeu, demonstrou habilidade política, ousadia e sagacidade na
defesa dos interesses de sua nação. Ao contrário do que sugere a ficção, não
era exatamente uma beldade, mas possuía sólida cultura e aguda
inteligência. Joana D’Arc, Madre Tereza
de Calcutá, Marie Curie, Edith Piaf... A lista é longa, porém incompleta, por
faltarem as heroínas anônimas, mães, esposas, educadoras, artistas, operárias,
cientistas, guerreiras do cotidiano de todos os tempos.
“Os tempos mudaram”, alguém
diria. “Hoje há igualdade entre os sexos”. Numa visão superficial,
especialmente se limitada ao que expõe a mídia, pode-se até concordar que não
há mais discriminação da mulher. Mas, quando lembramos que, nos países
ocidentais, o direito do voto é uma conquista recente; que, graças à internet,
a prostituição atingiu níveis nunca dantes imaginados; que em diversos países
(inclusive o nosso) há uma luta inglória contra o abuso sexual de crianças e
adolescentes, predominantemente do sexo feminino; que, em pleno século vinte e
um, há lugares em que uma mulher é apedrejada por infidelidade, a ilusão se
desfaz e percebemos que ainda há muito que ser corretamente compreendido para
que haja a verdadeira igualdade entre os sexos.
Para os Rosacruzes, homem e
mulher são expressões de Deus, animadas pela mesma essência e dotadas dos
mesmos atributos básicos: inteligência, sensibilidade, raciocínio,
criatividade. A diferença morfológica e as funções biológicas não constituem
condição de superioridade ou inferioridade; antes, complementam-se física e
espiritualmente. Não há qualquer
justificativa natural, social ou religiosa para diminuir a amplitude do direito
e da liberdade da mulher. Mental e espiritualmente, homem e mulher podem
atingir os mesmos graus de evolução, desde que haja equanimidade no ambiente
social em que vivam. Este, portanto, é um dos objetivos da cultura Rosacruz; a
construção de uma sociedade justa e fraterna.