Renovar é
lei da vida.
Transformar,
talvez, a única certeza.
É a rotina
do Cosmo, o perpétuo vir-a-ser, que garante a perenidade das coisas efêmeras. Ao
contrário da imutabilidade, que cristaliza e estanca, a transitoriedade é o
cenário perfeito para o aprendizado da Alma. Na impermanência é que se colhem fragmentos
de eternidade.
Se renovar
costuma ser prazeroso, transmutar pode doer. A incerteza do novo provoca
receios obscuros, frutos do temor irracional que se tem do desconhecido. O que
será? O que virá? O painel do futuro, encoberto pelo véu do tempo, pode causar
uma dolorosa expectativa e o desejo inconsciente de não mudar o que já se conhece,
de não se afastar do modesto cercado que cada um constrói em torno de sua limitada
realidade.
Mas,
goste-se ou não, a lei se cumpre. No processo de reorganização dos elementos,
gera novas expressões da Inteligência oculta no âmago de todas as coisas. E a
vivência do novo desvenda propriedades insuspeitas, possibilidades ainda
inimaginadas, motivações e horizontes para a Alma. É como se a paleta do
artista apresentasse, a cada amanhecer, um novo pigmento, ampliando o
repertório de cores e inspiração para sua tela. Dramaticamente, de ciclo em
ciclo, entre lágrimas e sorrisos, prossegue a Alma a execução de sua
obra-prima.
Pode até
doer. Mas nada paga o júbilo de contemplar seu auto-retrato e reconhecer-se
plenamente, descobrir-se por inteiro, integrar-se à perfeição da Lei e ter para
si o Universo como o quintal de sua infância.
Auro
31/12/2018