sábado, 29 de abril de 2017

REFLETINDO SOBRE CICLOS E HUMANIDADE



Conforme indica a Sabedoria dos Tempos, o Cosmo, com tudo o que contém, é cíclico. Desde o mundo subatômico até as vastidões inconcebíveis à mente humana, toda a realidade se move segundo ciclos que se encadeiam continuamente, numa gigantesca ciranda de causas e consequências. Apoiando-se nessa concepção, não é exagero pensar que a queda da folha de uma árvore afeta a perpetuação da vida em nível microscópico e que isso por sua vez, tem relação com o restante das manifestações de vida em um planeta.

E quando se fala em vida, surge de imediato a lembrança da vida humana, a nossa vida. Ai que parece, somos a espécie que mais se dá conta da própria individualidade. E somos também a espécie que mais drasticamente interage com o ambiente em que habita, junto com os demais seres vivos. Graças aos dotes de raciocínio, observação e assimilação das experiências, desenvolvemos habilidades que nos permitem alterar condições naturais para atender o que acreditamos serem as nossas necessidades. E como essa crença nem sempre corresponde à realidade natural, provocamos profundos desequilíbrios ambientais, que findam por interferir negativamente na qualidade da vida que tanto defendemos.
A criação e manutenção dos padrões de existência confortável exige poder econômico; isso motiva problemas aparentemente incontroláveis, como o consumismo, a especulação financeira e a guerra. Sim, pois é impossível fazer uma guerra sem dinheiro! Armas custam caro, aviões e navios idem. Logo, por trás de motivações políticas e ideológicas há sempre a extraordinária movimentação de fortunas para o custeio dos conflitos.

E chegamos ao ponto crucial dessa argumentação: por que o ser humano não se satisfaz? Por que os valores éticos são relativizados quando está em jogo o poder? Por que não tem sido possível vivenciar a verdadeira paz na Terra? De que nos valeu a espantosa tecnologia que já desenvolvemos e que nos facultou a conquista do Espaço, se somos ainda incapazes de dominar o nosso “espaço” interior? Tendo como real a Lei de Compensação, qual será o resultado de nossas presentes ações e omissões?

Diante de tais indagações, devemos voltar à Lei dos Ciclos. Assim como a semente germina em certo tempo, segundo a sua espécie, o que o homem semeia através de suas atitudes também tem um tempo para germinar e dar frutos. Por exemplo, o lixo que a civilização produz e que por milênios foi despejado no meio ambiente, é agora uma das maiores preocupações dos países mais ricos, que dispõem de conhecimento suficiente para saber que a saúde de seus cidadãos está ameaçada pelos mesmos rejeitos que foram produzidos pela sua incessante busca de conforto e sofisticação. No atual ciclo, um dos principais desafios do homem é cuidar do próprio lixo!
Mas, ainda que se encontre uma solução tecnológica para a questão do lixo, ainda restam outros problemas que, por serem inerentes à natureza humana, não serão solucionados por computadores; ganância, sede de poder, intolerância, preconceito, egoísmo, são os amargos frutos da ignorância do homem a respeito de si mesmo.  Suas mais evidentes consequências aparecem sob as formas de ansiedade, transtornos emocionais, estados depressivos, conduta violenta, crises existenciais, um vasto repertório de efeitos de uma só causa: ausência de paz.

Da mesma forma que o Cosmo, o mundo interior também obedece a ciclos de semeadura, germinação e frutificação dos hábitos mentais e emocionais cultivados ao longo da vida, ainda que não tenhamos consciência disso. A essa inconsciência costumamos dar o nome de “destino”.
É possível mudar isso? Podemos nos livrar do resultado de uma vida de cultivo de ervas daninhas?

Sim, é possível mudar a qualidade da colheita futura a partir de boas sementes plantadas agora. Pode-se, gradualmente, modificar o ecossistema interior e estabelecer um padrão de harmonia mental e emocional, que se reflete na conduta e no trato com o semelhante.
Assim como o astrônomo usa o telescópio para vasculhar o céu, o homem que busca a paz interior se vale de seus instrumentos naturais para explorar a si mesmo. A reflexão é uma dessas ferramentas. Refletindo, pode-se extrair das experiências o conteúdo de sabedoria nelas oculto. Refletindo, no exercício da liberdade de consciência, pode-se incorporar a sabedoria adquirida à personalidade, eliminando falhas comuns do caráter, criando novas e apropriadas formas de sentir e de agir, para que o semear seja fecundo e doces os frutos.

A Lei dos Ciclos é evolutiva. A cada périplo, toda realidade ascende a um novo patamar. Assim, quando o homem busca a compreensão de si mesmo e sua relação com a Lei Maior, o mesmo acontece com ele; sua consciência se eleva, seus horizontes se ampliam, seu coração se agiganta. O buscador assimila a lição fundamental: somos responsáveis pela nossa felicidade.

A propósito, vale lembrar aqui algumas das sábias palavras de Ralph Lewis, ex-Imperator da Ordem Rosacruz – AMORC:

CREDO DA PAZ
 Sou responsável pela guerra...

Quando orgulhosamente faço uso da minha inteligência para prejudicar o meu semelhante.
Quando menosprezo as opiniões alheias que diferem das minhas.
Quando desrespeito os direitos alheios.
Quando cobiço aquilo que outra pessoa conseguiu honestamente.
Quando abuso da minha superioridade de posição, privando outros de sua oportunidade para progredir.
Se considero apenas a mim próprio e aos meus parentes pessoas privilegiadas.
Quando me concedo direitos para monopolizar recursos naturais.
Se acredito que outras pessoas devem pensar e viver da mesma maneira que eu.
Quando penso que sucesso na vida depende exclusivamente do poder, da fama e da riqueza.
Quando penso que a mente das pessoas deve ser dominada pela força e não educada pela razão.
Se acredito que o Deus de minha concepção é aquele em que os outros devem acreditar.
Quando penso que o país em que nasce o indivíduo deve ser necessariamente o lugar onde ele tem de viver.

Sou responsável pela paz...

Se direciono correta e construtivamente os poderes da minha mente.
Se concedo ao meu semelhante o direito pleno de se expressar, de acordo com o seu próprio entendimento das verdades da vida.
Se reconheço que os meus direitos cessam quando iniciam os direitos dos outros, e aceito isso com um mínimo indispensável de disciplina.
Se faço uso dos meus poderes interiores para criar minhas próprias oportunidades.
Se consigo promover a evolução dos que me cercam, sem considerar a minha posição ameaçada, e entendo que esta é a minha maior fonte de sucesso.
Se compreendo que as LEIS DIVINAS diferem das leis criadas pelo Homem, e que nenhum direito divino especial é concedido a alguém unicamente por seu berço.
Se reconheço que os recursos naturais devem servir indistintamente a todas as formas de vida, e que não me cabem direitos exclusivos sobre eles.
Se compreendo que nada é mais livre do que o pensamento, e que o pensamento construtivo transforma o Homem direcionando-o para a sua verdadeira meta.
Quando sinto que toda felicidade depende do simples fato de existir... de estar de bem com a vida.
Se percebo que todo ser humano poderá vir a ser um grato amigo, quando convencido pela argumentação sincera.
Se considero que a Alma de Deus adquire personalidade no Homem, e que este só pode conceber Deus a partir de sua própria percepção da Divindade.
Se reconheço a mim e ao meu semelhante como partes integrantes do Universo, e que a cada um cabe a busca do lugar onde melhor possa servir.

Se estou em PAZ, eu promovo a PAZ dos que me cercam. Por sua vez, eles promovem a PAZ daqueles que estão à sua volta e que também farão o mesmo.
Então, a PAZ começa por mim! E sem ela não pode haver a necessária transformação social.


      Auro Barreiros, FRC
      dezembro de 2015