domingo, 20 de fevereiro de 2011

A melhor religião

Hoje, assistindo o trabalho artístico de um religioso a quem admiro, comecei a pensar na grave questão das convicções e seus reflexos na sociedade humana.

No que diz respeito a religiões, filosofias e visões de mundo, vivemos literalmente envolvidos por uma imensa colcha de retalhos. O mundo ocidental contemporâneo, predominantemente cristão, tem a falsa noção de que, no passado, o politeísmo era uma confusão de crenças, devido ao considerável número de divindades a serem adoradas. Mas os críticos do paganismo antigo costumam passar ao largo de um detalhe fundamental: se os povos primitivos adoravam diversos deuses, isso fazia de cada culto uma religião ou convicção distinta, porém normalmente atrelada a um conceito de panteon e uma ontologia que dava a cada deidade um papel no drama da criação e no desenrolar dos eventos naturais. Atualmente, porém o que se vê é a adoção de um mesmo conteúdo de doutrina e a proliferação de interpretações, do que resultam deuses diferentes de nomes iguais. Qual seria a conseqüência imediata desse procedimento?

Bem, a julgar pelos sermões e discursos acalorados, nos quais cada grupo considera equivocada a compreensão dos demais, temos como primeiro resultado o distanciamento entre as pessoas.  
De todas as diferenças, parece que a menos tolerada é a de convicções religiosas ou filosóficas. Ainda que sob a presumida unção do sagrado, a rejeição sistemática e irrefletida ao que pareça contraditório vai, pouco a pouco, criando no indivíduo uma segunda natureza, em nível subconsciente. A simples constatação de que o “outro” não comunga a mesma crença cria uma cortina invisível que, como um vidro embaçado, distorce a imagem do próximo. Desse ponto em diante, com base no pré-julgamento de valores, há uma tendência inconsciente de duvidar do seu caráter ou da sua competência, ainda que o chamado “verniz social” reprima a manifestação ostensiva dessa rejeição.

No entanto, em todos os grupos é possível encontrar homens e mulheres realmente notáveis pelo devotamento e atitudes. Pessoas que abraçam uma causa e fazem dela sua motivação de vida. Seres humanos empenhados em contribuir para a edificação de uma sociedade mais justa. Hospitais, presídios e favelas recebem suas visitas, em nome de Jesus, Buda, Kardec ou Krishna, ou mesmo sem rótulos que os identifiquem. Cada um ao seu modo, segundo os princípios adotados, conforme lhe ordena o coração, busca vivenciar a essência da doutrina que lhe serve como guia.

Observando essa aparente incongruência, busco agora uma definição para o que se tem por desenvolvimento espiritual ou auto-aperfeiçoamento. A cada dia mais me convenço de que progredir interiormente é adestrar a visão para ver além da forma, apurar os ouvidos para ir além da mera audição das palavras. Esse treinamento de percepção permitirá ver que, por trás dos símbolos, vestes e rituais particulares, há uma motivação universal para a prática do bem. Será possível então ouvir a solidariedade que vibra além do som do que se diz, o propósito fraterno que se oculta nas entrelinhas das orações e leituras de textos sagrados.

Dia virá em que a diversidade será apenas um detalhe desimportante no concerto fraternal entre os homens. Enquanto esse dia não chega, que cada um seja fiel ao que acredita e vivencie a sua fé, exercitando a tolerância, praticando o bem e crescendo espiritualmente.

Auro Barreiros – 20/2/2011

2 comentários:

Paulo César disse...

Voz da Alma


Todos andamos pelas trilhas do mundo.

Mas, bem poucos enxergamos o caminho que conduz a felicidade!

A diversão, o estudo, a capacitação e a religião, ajudam muito, isso não podemos negar.

Porém existe algo que é imprescindível.

Algo que está em nós!

Algo que nós faz brilhar na escuridão!

Algo que independe da cultura, da raça, da religião ou da classe social.

Algo que dá sabor à vida! Que a renova e insufla a alegria em nossos corações!...

Algo que nos faz crescer e nos faz e ser gente de verdade!

E claro que “Esse Algo” só poderia ser o Amor!

O Amor é traz equilíbrio, é amizade respeito, religiosidade, etc..

O Amor nos dá asas que nos elevam às alturas!

O Amor é muito mais que as palavras!

É indefinível! O Amor é Sentimento... Enfim, O Amor é Deus!

Quem ama entra em sintonia com o Cosmos, que é Ordem e Harmonia!

E por isso, É Feliz.


(Paulo César)

Auro Barreiros disse...

É isso aí!