Anatomia da Alma – Capítulo I
(Passeando
pelos porões)
O ressentimento
é dissimulado.
Mostra-se choroso,
desolado,
Um injustiçado,
embora virtuoso.
Clama pelo desconhecimento,
Que lhe
causa surdo sofrimento,
E lhe
maltrata o ego caprichoso.
A mágoa
desbotada do passado
Ainda o
mantém agrilhoado
Aos pés de
uma imagem carcomida.
Porém, por
ser assim, dissimulado,
Tem dias que
sai, fantasiado,
E desfila
com garbo na avenida,
Disfarça entre
as dobras da plumagem
E nos belos
meneios da linguagem
O surdo latejar
da velha ferida!
Como Prometeu
acorrentado,
O ressentido
vê perpetuado
O seu
tormento, como chaga viva;
Aprisionado aos
seus rancores,
Apaixonado pelas
próprias dores,
É tão
somente uma alma cativa.
Auro
Barreiros
2/11/2017
3 comentários:
Ótimo!Parabéns pelo tão belo.texto.
Ótimo!Parabéns pelo tão belo.texto.
Obrigado! A gente faz o que pode pra ter o que merece!
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