É inegável que a negligência
em relação ao meio ambiente tem resultado em conseqüências trágicas para o ser
humano. Aos desastres de proporções catastróficas, que mais parecem atos de
rebelião da Natureza, juntam-se os efeitos lentos e silenciosos das diversas
formas de contaminação. Agrotóxicos, depósitos de lixo e a emissão de gases
tóxicos pelas indústrias comprometem três elementos básicos para a manutenção
de toda a vida na Terra: o ar, a água e os alimentos.
A gravidade dos problemas
ambientais, ainda que existente desde o início da civilização, só chegou à
consciência do homem muito recentemente. Agora, além da pesquisa em busca de
métodos para a preservação da natureza, a ciência tem que tentar conter os
efeitos de séculos de práticas destrutivas e contaminantes, que se refletem
tanto no clima quanto no âmago dos organismos vivos, entre os quais está o ser
humano. Este é um dos maiores problemas e desafios da humanidade atual.
Mas, paralelamente à questão
ambiental, que visa o aspecto exterior da vida, o homem moderno enfrenta outro
problema extremamente grave; a contaminação e degradação de seu ambiente
interior. A despeito do extraordinário desenvolvimento intelectual já atingido
(ou talvez por isso mesmo), não há como desconhecer a crise de personalidade
que assedia milhões de pessoas em todo o planeta. O consumo exacerbado de
álcool e drogas é a evidência gritante de que o ser humano ainda tem enorme
dificuldade em lidar consigo mesmo. Se fosse possível traçar o perfil
psicológico de todos os envolvidos em crimes e acidentes de trânsito no momento
de cada ocorrência, certamente descobriríamos em cada infrator um ser
angustiado, em conflito com sua própria natureza íntima. Conheceríamos
histórias de ausência de valores, equívocos e distorções quanto a princípios
éticos, frustrações afetivas, orgulho ferido, sintomas claros de perturbação mental e emocional.
A constatação de que esse caos
interior é, em maior ou menor grau, a condição de parte considerável da
humanidade, evoca a célebre injunção filosófica que foi inscrita no portal do
templo de Apolo, em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo.”
O começo e o fim de tudo
estão dentro do próprio eu. É o desconhecimento de si, no sentido essencial, a
matriz de todos os desacertos que o homem comete contra sua própria espécie.
Por ignorar o estreito parentesco com o seu semelhante, o homem tem sido capaz
de malversar recursos naturais em nome do lucro, gerando riscos e sofrimento
aos demais. Por não conceber a existência de uma lei natural equânime e eficaz,
cria seu próprio conceito de justiça e o aplica sempre que se sente traído,
constrangido ou ameaçado. E quando se defronta com os efeitos de suas atitudes,
tenta de todas as formas evitar o sofrimento, quase sempre sem sucesso. É o
meio ambiente interior que reage às agressões e busca o equilíbrio original,
ainda que doa.
Ao mesmo tempo em que preserva
a Natureza ao seu redor, o homem precisa preservar o equilíbrio de seu mundo
mental e emocional. Quinze minutos diários de dedicação a si mesmo costumam ser
mais eficientes para isso do que as inúmeras formas de escapismo que a
modernidade oferece. Contemplar-se diante do espelho da consciência e examinar
pensamentos, sentimentos e atos pelo princípio da reciprocidade pode ser mais
gratificante e produtivo para o crescimento pessoal do que dezenas de livros de
auto-ajuda, tão em voga nos dias de hoje.
A meditação é uma excelente
ferramenta de aprimoramento pessoal, através da elevação da consciência a
níveis superiores. Pela meditação é possível vislumbrar nosso mundo interno,
bem como realizar os ajustes que resultem em maior harmonia com as leis
naturais e cósmicas.
Auro Barreiros
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